Projeto ‘Farmácia Viva’ cultiva plantas medicinais para produção de medicamentos em Volta Redonda

         A Saúde Pública em Volta Redonda está dando um importante passo para se tornar autossuficiente na produção de remédios naturais, mais baratos, e com menos efeitos colaterais para os pacientes. O programa Arranjo Produtivo Local de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos está sendo implantado no município por uma iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), com recursos do Ministério da Saúde, e está no 13º mês dos 24 meses obrigatórios para a sua implantação definitiva na rede pública de saúde.
“Os benefícios do uso desses medicamentos no SUS (Sistema único de Saúde), são as menores possibilidades de reações adversas dos medicamentos, a autonomia para os usuários obter os medicamentos, e autonomia do município na sua produção, com um custo muito menor”, afirmou a coordenadora geral do PIC (Práticas Integradas e Complementares) no qual está inserido o projeto, Fabíola Angelita Cezarina Bastos.
         As plantas do Farmácia Viva estão sendo cultivadas em uma área da Fundação Beatriz Gama (FBG), no Retiro. Na horta são plantados guaco, capim limão, erva cidreira, aroeira, sabugueiro, babosa, espinheira santa e hortelã, por meio de mudas certificadas, que depois serão fornecidas a produtores parceiros do projeto. Produtos derivados do guaco e do capim limão já foram aprovados: sachês com dose certificada e pomada cicatrizante. Sabonetes medicinais, xaropes e outros produtos serão produzidos no laboratório que funcionará no projeto Farmácia Viva.
         As mudas foram fornecidas pelo Refúgio Biológico Boa Vista, de Foz do Iguaçu, um projeto ambiental realizado pela Usina Hidrelétrica Itaipu, e pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Cerca de 300 mudas de 40 espécies já foram plantadas. A coordenadora do projeto afirmou que uma verba de R$ 460 mil - conquistada no terceiro edital lançado pelo Ministério da Saúde, em fevereiro de 2015 - serviu como pontapé inicial para o programa de uso de plantas medicinais, desde o cultivo das plantas até a sua dispensação junto às UBSF (Unidades Básicas de Saúde da Família). Entre os 92 municípios do estado do Rio, somente Volta Redonda, Rio, Petrópolis e Niterói foram contemplados com o projeto.
         O grupo de trabalho do projeto, além da coordenadora Fabíola, é formado ainda pelo professor e diretor de Pesquisa do IFRJ (Instituto Federal do Rio de Janeiro) - Campus Pinheiral, Marcelo de Souza, responsável pelo cultivo e inserção no mercado da produção; pela engenheira de agronegócios Sheila Peixoto, que vai cuidar da viabilidade do programa junto aos produtores; e a presidente da cooperativa de produtores ProAlt, Luizinete de Jesus Nunes, e o farmacêutico Alan Costa. Este grupo vai viabilizar o Arranjo Produtivo Local (APL) para a produção das plantas.
         O diretor do IFRJ Pinheiral, Marcelo de Souza, afirmou que o cultivo controlado é uma garantia da qualidade genética e botânica dos produtos obtidos através das plantas. Segundo ele, dois métodos serão utilizados, o convencional e o de cultura de tecidos laboratorial.
“Este é um projeto que vai gerar emprego e renda. Mercado sabemos que tem, pois já pesquisamos que somente no ano passado foram consumidos cerca de 7 mil frascos de Xarope de Guaco na rede pública de saúde, comprados por licitação. Então teremos uma produção própria, a um custo bem menor” exemplificou.  
         A presidente da cooperativa ProAlt da Fundação Beatriz Gama, Luzinete Nunes, afirmou que a cooperativa tem quatro anos de estudos e pesquisas na desidratação da folha de mandioca, junto à Fiocruz, e os cooperados ganharam experiência para este projeto inovador.
“A ideia é trabalhar o projeto com os produtores orgânicos, envolvendo um maior número de produtores. Temos o local para o plantio e a mão de obra capacitada para isto”, enfatizou. A engenheira de agronegócios Sheila Peixoto, disse que a viabilidade para o projeto de uso de plantas medicinais é muito significativa, porque todas as condições estão somadas para o desenvolvimento, cultivo, qualidade, produção e mercado.  
         Com a homologação  final dos produtos, os medicamentos fitoterápicos serão fornecidos para todas as Unidades Básicas de Saúde do município. “O cenário é muito positivo para a implantação do programa, porque o programa Farmácia Viva terá a matéria prima com produção garantida, com um custo mais barato. Os cooperados serão beneficiados com convênios de cunho social e teremos uma grande rede local para os medicamentos, que serão receitados pelos médicos que já foram capacitados pela Secretaria Municipal de Saúde”, explicou o farmacêutico Alan Costa.
CAPACITAÇÃO - O técnico informou que uma nova capacitação será feita até outubro pela SMS para preparar mais médicos em medicina fitoterápica, para o atendimento na rede.
“Os medicamentos já tem uso popular. Temos duas plantas já têm resultados comprovados cientificamente: o guaco, que é um expectorante natural, e o capim limão, que combate a ansiedade e tem uso na saúde mental”, disse. A produção inicial prevista é de 2 mil sachês de cada espécie, sendo que os responsáveis pelo programa acreditam que cerca de 200 pacientes já serão atendidos de imediato. “A gente tem espaço e capacidade para ampliar imediatamente a produção, conforme a demanda aumentar”, enfatizou Costa.

Prefeitura Municipal de Volta Redonda | Praça Sávio Gama, nº 53 - Aterrado | CEP: 27215-620 | Tel: (24) 3345-4444