Plantas medicinais serão fontes de medicamentos na saúde pública de Volta Redonda

        A produção de medicamentos naturais a partir de plantas com mudas produzidas no município e que posteriormente serão trabalhadas no Laboratório Municipal que será construído no terreno na sede da Fundação Beatriz Gama, ao custo inferior a R$ 100 mil reais em investimento, faz parte dos projetos para a Saúde Pública de Volta Redonda.

        Esses medicamentos, sem contra indicação, serão distribuídos através de receitas médicas, em todas as unidades de saúde de Volta Redonda.

        Médicos estão sendo capacitados no atendimento. A minuta do projeto já passou pela aprovação da Vigilância Sanitária para a construção do laboratório fitoterápico e está na Procuradoria Geral do município aguardando a autorização de licitação. Após feita a concorrência, o prazo será de 4 meses (120 dias) para concluir as obras.

        O espaço público na FBG será adaptado ao lado de onde funciona a Cooperativa Pró Alt, que trabalha com a multimistura da Pastoral da Criança. O laboratório terá uma sala de controle de qualidade para a rotulagem, pesagem e empacotamento, uma sala de armazenamento para encaminhamento às unidades de saúde (UBSF) nos bairros. A sala de secagem dos produtos já está pronta, havendo necessidade de pequenas adequações nas obras, segundo informou Fabíola Cezarina Bastos, coordenadora do PIC (Praticas Integradas Complementares) e defensora do Programa de Arranjo Produtivo Local de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos da SMS (Secretaria M. de Saúde).

        Forum – Em agosto (dia 31), um fórum sobre o tema acontecerá no centro universitário do bairro Aterrado(UGB/Ferp). A coordenadora geral antecipa o que representa na rede municipal de Saúde a execução do programa de produzir remédios com plantas medicinais, com base no Laboratório que será construído no prazo de 4 meses de obras: “O laboratório pronto significará uma autonomia nos medicamentos fitoterápicos que tem uma boa aceitação dos pacientes. Existe uma demanda inicial  de medicamentos para tratar doenças respiratórias, transtornos mais leves de ansiedade dentro do programa Saúde Mental. São medicamentos bem estudados e comprovada eficiência como o guaco e o capim limão”, comparou.

        O programa Arranjo Produtivo Local  da secretaria municipal de Saúde ganhou um prazo do MS (Ministério da Saúde) de 24 meses de preparação obrigatória como estágio, antes da implantação definitiva na rede municipal de Saúde Pública, já chegou ao 19º mês. Fabíola Angelita, atual coordenadora geral do PIC afirma que as plantas medicinais do Farmácia Viva estão sendo cultivadas em uma área na Fundação Beatriz Gama(FBG) e estão sendo levadas para o antigo colégio Agrícola de Pinheiral, onde funciona o Instituto Federal de Educação, Campus Pinheiral, para nova produção de mudas, dentro desta cadeia produtiva de cultivo e beneficiamento.  No momento são análises que estão sendo feitas, não existe disponibilidade de medicamentos fitoterápicos na rede pública do SUS.

        “Na horta dentro do terreno da Fundação Beatriz Gama são plantadas mudas de guaco, capim limão, erva cidreira, aroeira, sabugueiro, babosa, espinheira santa, hortelã, por meio de mudas certificadas que serão fornecidas a produtores orgânicos, parceiros do projeto. Os produtos derivados do guaco e do capim limão já foram aprovados, sendo sachês com dose certificada e pomada cicatrizante”, explicou.

        “Outros produtos naturais - como sabonetes medicinais e xaropes -também serão produzidos no laboratório que faz parte do Farmácia Viva, previsto no programa Arranjo Produtivo Local de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos. Já estamos na fase de selecionar os futuros parceiros para a produção de mudas através das visitas feitas as propriedades com o apoio técnico do Ministério da Saúde, para análise do solo”, informou a coordenadora.

        Procedimentos - Segundo ela, todos os produtores orgânicos da região, selecionados, tem a certificação da Associação Brasileira Orgânica, são de Volta Redonda, Barra Mansa e Pinheiral: “Nós vamos precisar de 2 hectares de terra para o cultivo das plantas medicinais, portanto, não temos um espaço único com esta capacidade. Os produtores orgânicos selecionados, da região, vão diversificar o plantio de acordo com o espaço disponível. Uns tem 500 metros, outros 200 metros para o plantio das mudas. Quatro produtores já foram aprovados por seleção.

        Os parceiros do projeto são o MAPA(Ministério da Agricultura e Pesca), IFRJ de Pinheiral, a UFF (Universidade Federal Fluminense) com o projeto Farmácia Viva. A Fiocruz e Instituto Vital Brasil são responsáveis em dar a captação aos profissionais de Saúde da rede municipal, formação para agentes comunitários e os médicos que darão receitas aos pacientes nas UBSF (Unidades Básica Saúde da Família) nos bairros. No dia 31 de agosto  haverá um fórum sobre o assunto, com o tema, Desafios no Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais em Plantas Medicinais na Universidade Geraldo Di Biase(UGB/Ferp) do bairro Aterrado, das 8h ás 13 horas.

        O fórum vai informar sobre a legislação, garantias, como fazer o cultivo correto, apoio técnico, formação de mudas, produção excedente, entre outros assuntos. Atualmente 8 médicos já estão capacitados no atendimento e mais 10 serão capacitados para a rede municipal. Um trabalho todo fotografado foi realizado com 5 pacientes acamados pelo Serviço de Atendimento Domiciliar da secretaria municipal de Saúde, e mostrou o sucesso do tratamento com espinheira santa e calêndula para transtornos gástricos e cura de feridas a pacientes com diabetes ou vitimas de AVC’s (acidente vascular cerebral). Esses medicamentos de plantas são opções naturais aos sintéticos e industrializados.

        O grupo de trabalho do projeto é formado pelo farmacêutico Alan Costa, Marcelo de Souza (diretor de pesquisas do IFRJ/Campus Pinheiral), Aline Souza (farmacêutica contratada para o projeto), Sheila Peixoto (engenheira de agronegócios), Luzinete de Jesus (Cooperativa ProAlt). O diretor de pesquisas do IFRJ defende o cultivo controlado como garantia da qualidade genética e botânica da produção de medicamentos e acrescenta: “Somente no ano passado foram comprados e consumidos 7 mil frascos de xarope de Guaco na rede pública do SUS. Quando tivermos uma produção própria, o custo será bem menor para a Saúde Pública, porque mercado existe”,  ressaltou.

 

 

 

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